CICLOG publica na Int. Journal of Life Cycle Assessment
Todas as atividades realizadas por uma pessoa exigem uma quantidade de gasto energético (E.E.) por parte do corpo humano, mas poucos estudos de avaliação do ciclo de vida (ACV) discutem este assunto. A análise desta variável pode fornecer informações valiosas para que os consumidores possam alcançar estilos de vida mais sustentáveis, incluindo a adoção de hábitos de mobilidade com menores impactos ambientais.
O artigo publicado na Int J of Life Cycle Assessment visou verificar a sensibilidade dos impactos ambientais dos estilos de vida com mobilidade à inclusão de E.E. humana na ACV.
Para isso, uma ACV de Consumo foi realizada considerando como unidade funcional a mobilidade de uma pessoa para quatro destinos utilizando uma alternativa de transporte para cada local durante um período de 1 ano. As alternativas de mobilidade consideradas foram viagens a pé, de bicicleta, automóvel (particular e compartilhado), ônibus e avião. Um cenário de base avaliou sete indicadores midpoint e três endpoint, enquanto que o E.E. humano foi simulado através de uma variável de sensibilidade de dois níveis, avaliada com base num conjunto amostrado de estilos de vida de mobilidade.
Dentre os resultados obtidos com o estudo, verificou-se que alguns estilos de vida de mobilidade eram mais sensíveis ao E.E. humano, especialmente quando os modos de transporte apresentavam baixos parâmetros de inventário de entrada e saída. A inclusão de E.E. aumentou os impactos em aproximadamente 4-33% sobre as mudanças climáticas, 6-62% na formação de material particulado, e 1-42% na toxicidade humana, dependendo do estilo de vida de mobilidade. "Ecossistemas" revelou-se a categoria de danos mais sensível. As fases e processos do ciclo de vida agrícola foram os principais contribuintes para o menor desempenho dos indicadores ambientais. Além disso, uma refeição vegetariana como substituto do rendimento energético apresentou menor sensibilidade e impactos ambientais em comparação com uma refeição normal. Embora caminhadas e andar de bicicleta foram os hábitos de transporte mais sensíveis, ambas as alternativas apresentavam os menores impactos ambientais em valores absolutos.
O estudo concluiu que as variáveis proxy tiveram uma influência significativa principalmente no perfil ambiental das atividades de mobilidade com maior procura de energia corporal, embora os estilos de vida que dão prioridade aos hábitos de andar de bicicleta ou a pé continuem a ter menos impacto do que os hábitos de mobilidade baseados em veículos motorizados. As categorias de impacto mais influenciadas pelo E.E. adicional tiveram uma maior contribuição das fases do ciclo de vida agrícola. O estudo também destacou a importância da definição de parâmetros de sensibilidade sob múltiplos fatores e níveis para observar os possíveis resultados para o mesmo sistema de produtos.
O CICLOG continua expandindo os limites do conhecimento de ACV.
Parabéns a Júlia, Roni e especialmente o Prof. Sebastião Soares por essa ótima pesquisa!
Mais detalhes? Acesse: https://doi.org/10.1007/s11367-021-02015-8
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Por Eula Jurca, com colaboração de Roni M. Severis
Florianópolis, 11/01/2022.